quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Superman Returns (Super Homem - O Regresso) [2006]




de Bryan Singer

O regresso do herói

Depois de anos de tentativas falhadas para trazer de volta ao grande ecrã o homem de aço foi Bryan Singer - autor que à primeira obra nos ofereceu o espantoso The Usual Suspects e que, a par com o Sam Raimi (Spider-Man e Spider-Man 2) vinha injectando de credibilidade as adaptações de comics para cinema com os dois primeiros capítulos dos X-Men - quem conseguiu levar um novo projecto do seu herói favorito a bom porto. Escolheu um actor desconhecido para envergar a capa vermelha, Brandon Routh, um peso-pesado da interpretação para encarnar Lex Luthor, o eterno rival de Super-Homem, Kevin Spacey, e decidiu esquecer os esquecíveis Superman III e Superman IV: The Quest for Peace para retomar a história como se estes nunca tivessem acontecido.

A primeira impressão com que ficamos ao ver este Superman Returns é a de que o tom é de tal forma reverencial ao Superman de Richard Donner, filme chave na história das adapatações cinematográficas de heróis de BD que se tornou praticamente um template para subsequentes adaptações semelhantes, que se confunde com colagem ao mesmo. Desde a reprodução do genérico daquele passando pela música original de John Williams utilizada no mesmo à chegada do herói numa capsula em forma de cristal - a história começa com o regresso à terra do Super-Homem depois de anos de ausência - todos os elementos são por demais familiares para aqueles que bem conhecem o primeiro filme da saga. Além disto nota-se um cuidado com a construção da história e dos personagens que foca Lois Lane que, desiludida com a ausência inesperada daquele que se tinha no passado tornado no amor da sua vida, decide continuar com a sua vida e desenvolve uma relação que resulta num filho, bem como Lex Luthor, mais ameaçador que nunca, e novamente com um plano megalómano que promete pôr em perigo milhares de pessoas, bem como a própria existência de todo o continente Norte-Americano.

O resultado da combinação destes elementos e, apesar das boas interpretações de todos envolvidos, é bastante ameno. A reverência de Singer resulta num filme onde a progressão da história acontece a um ritmo pausado e as (poucas) cenas de acção nunca atropelam a lógica do desenrolar da narrativa. Só que fica sempre a sensação de que o todo é menor do que as somas das partes: o binómio Clark Kent/Super-Homem nunca é devidamente aproveitado; o arco de Lois Lane é desiquilibrado, quebrando a extrema frieza que demonstra desde o início do filme sem razão aparente; Lex Luthor parece determinado a executar o seu plano como se não existisse num filme do Super-Homem e este fosse apenas mais um obstáculo a ultrapassar. Os resultados modestos nas bilheteiras não devem impedir que a saga continue, mas Singer terá de reencontrar a inspiração que revelou em X2: X-Men United, exemplo maior de respeito pelo material de origem em excelente filme de super-heróis nascidos na BD.

1 comentário:

Zorn John disse...

Zero pica. Achei muito amorfo, sem nada de empolgante. Nunca fui fã do Superman, nem na BD. Ainda assim prefiro o "velhinho", que sem os meios actuais me deu muito mais prazer.