segunda-feira, 19 de março de 2007

Storyboard [12/02/2007 a 18/03/2007]

Este blog teve um nascimento ambicioso. A ideia era dar uma opinião sobre todos os filmes que vejo de uma forma democrática. Esta tarefa tem-se revelado difícil, não só pela disponibilidade que implica, mas também porque nem todos os filmes são estimulantes ao ponto de querer escrever muito sobre eles. Assim, apesar da curta vida deste espaço, o seu formato vai sofrer uma alteração. Com uma periodicidade previsivelmente semanal vou fazer um resumo dos filmes que vi no período, guardando as opiniões mais detalhadas para os filmes que considere merecedores de destaque. Esta é a edição zero desse resumo que recupera os filmes que se tinham empilhado desde a última entrada neste blog.

No escuro do cinema

El Laberinto del Fauno (O Labirinto do Fauno) [2006] de Guillermo del Toro
Destaque em breve

Half Nelson (Encurralados) [2006] de Ryan Fleck

Destaque em breve


Little Children (Pecados Íntimos) [2006] de Todd Field
Destaque em breve


No conforto do sofá

Almost Famous - Untitled: Almost Famous the Bootleg Cut (Quase famosos) [2000] de Cameron Crowe {Um novo olhar}

Almost Famous é a obra-prima de Cameron Crowe. O retrato semi-autobiográfico do autor que foi, com tenra idade, escritor para a revista Rolling Stone, é um momento inspirado de cinema misturando em doses certas sensibilidade, humor e reverência pelos ídolos musicais do (seu) passado. Os seus temas centrais de perda de inocência e perseverança na busca dos nossos sonhos são universais mas têm uma maior ressonância em quem é fã de música: quase desperta nostalgia mesmo para quem não viveu em primeira mão a década de 70. A versão do realizador (designada Untitled: Almost Famous the Bootleg Cut) que acrescenta cerca de 40 minutos à duração original é surpreendentemente equilibrada realçando a experiência proporcionada pela versão lançada originalmente. Esta é a visão definitiva de Crowe e funciona na perfeição. Recomendado a todos os sonhadores e apaixonados.


Children of Men (Os Filhos do Homem) [2006] de Alfonso Cuarón

Children of Men é um prodígio técnico. Alfonso Cuarón opta por uma abordagem documental, seguindo a acção e as personagens de muito perto, filmando em longos takes cenas aparentemente impossíveis de conseguir. Narrativamente económico e emocionalmente distante, Children of Men é um eficaz filme de acção carregado às costas pelo cada vez mais surpreendente Clive Owen.


The Illusionist (O Ilusionista) [2006] de Neil Burguer

The Illusionist, tal como o recente The Prestige, é uma história situada no virar do século sobre a arte da magia e, tal como aquele, esforça-se demasiado por iludir o espectador. O objectivo é nobre mas Neil Burguer está demasiado ocupado com a habilidade necessária para conseguir tal tarefa que descura a caracterização das personagens. Disto ressentem-se as interpretações dos (habitualmente) excelentes Edward Norton e Paul Giamatti que aqui têm prestações pouco memoráveis. Apesar da pouca empatia que se estabelece com os personagens The Illusionist é um esforço interessante de onde se destacam os excelentes trabalhos de reconstituição de época e de fotografia.

Everything Is Illuminated (Está Tudo Iluminado) [2005] de Liev Schreiber


Everything Is Illuminated, a estreia na realização do actor Liev Schreiber, é um pequeno road-movie com um fino equilíbrio entre o humor subtil e o drama. A busca de Jonathan pela história do seu avô, judeu obrigado a fugir da sua Ucrânia natal para escapar aos horrores nazis, é uma história tocante e humana suportada por personagens que, apesar da aparente caricatura, se revelam determinantes na sua busca interior.

Shopgirl (Uma Rapariga Cheia de Sonhos) [2005] de Anand Tucker

Shopgirl é uma adaptação de Steve Martin do seu livro com o mesmo nome e apresenta um triângulo amoroso pouco comum. E o seu maior trunfo é precisamente o descolar das convenções do género. Os ingredientes típicos da comédia romântica são substituídos por personagens peculiares e por um tom melancólico que oferece ao filme um encanto muito próprio.

Lucky Number Slevin (Há DIas De Azar...) [2006] De Paul McGuigan

Paul McGuigan juntou um cast de luxo neste Lucky Number Slevin. Estabeleceu uma premissa e um tom interessante na construção da narrativa. Depois deitou tudo pela janela num acto final desajeitado quase totalmente assente em cenas de exposição. Uma oportunidade desperdiçada.

Snakes on a Plane (Serpentes a Bordo) [2006] de David R. Ellis

Snakes on a Plane ganhou fama antes de estar sequer acabado exclusivamente pelo seu título. Tinha tudo para ser um daqueles filmes de culto "é tão mau que é bom". Nem isso consegue ser. É um filme série Z no mau sentido da palavra onde nem a presença em piloto automático de Samuel L. Jackson é ponto de relevo.

Hard Candy [2005] de David Slade {Um novo olhar}

Hard Candy é um filme potencialmente polémico que beneficia da inteligência e subtileza dos seus criadores. Tendo como base o tema delicado da pedofilia, e suportando-se praticamente na interacção entre os seus dois protagonistas principais num único espaço físico, David Slade apresenta na sua primeira longa-metragem um filme visualmente inspirado. No entanto este trunfo visual não descura a substância, nem o desempenho dos actores, com particular relevo para a espectacular prestação de Ellen Page que torna credível a personagem da inesperada vigilante Haley. Apesar do final discutível Hard Candy é um filme desafiante que por certo provocará debate entre quem o vir. A sua abordagem evita o simplismo do preto e branco conseguindo ao longo da sua curta duração fazer o espectador questionar as suas próprias convicções.

Hostel [2005] de Eli Roth

Produto de uma nova vaga de terror gore que saíu das prateleiras dos vídeoclubes e se instalou no mainstream, Hostel é um filme a roçar o pornográfico apostado no choque pelo choque onde a caracterização de personagens é inexistente e a narrativa, que atinge cúmulos insuportáveis de ridículo, esgota-se no conceito base que a origina. Eli Roth, após o medíocre Cabin Fever, surge com Hostel como porta-estandarte desta corrente de cinema irresponsável.

Wolf Creek [2005] de Greg McLean

Wolf Creek é um filme eficaz, quase em registo documental, onde o suspense se instala aos poucos e a sensação de terror, de tão realista, é quase palpável. Recomendado para quem gosta de emoções fortes.

Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest (Piratas das Caraíbas - O Cofre do Homem Morto) [2006] de Gore Verbinski

O segundo capítulo da saga Piratas das Caraíbas, filmado em conjunto com o terceiro, repete a bem sucedida fórmula do sucesso original apesar da narrativa convoluta com final anti-climático.

Nacho Libre (Super Nacho - O Herói do Wrestling) [2006] de Jared Hess

Jack Black com rédea solta numa realização indie mas pouco inspirada de Jared Hess. Resultado morno com algumas gargalhadas a espaços.

Kiss Kiss Bang Bang [2005] de Shane Black

Divertidíssima subversão dos clichés do género policial com interpretações inspiradas de Robert Downey Jr. e Val Kilmer.