de Michael Haneke
Cirurgia alienadora
Apesar de Michael Haneke ter dado nas vistas em 1997 com Funny Games, e desde então produzir obras aclamadas pela crítica a bom ritmo, Caché foi o meu primeiro contacto com o cinema do autor bávaro.
Caché parte de uma premissa em tudo parecida com a de Lost Highway de David Lynch: um casal começa a receber videocassetes de origem desconhecida que mostra a a sua casa filmada do exterior, sugerindo que alguém observa o seu dia-a-dia. O que ao princípio parece ser uma piada de mau gosto depressa se revela ser algo mais ameaçador. Assumindo os parâmetros do thriller Haneke baralha as regras do género, oferecendo-nos uma narrativa pausada e mais interessada nos pormenores do quotidiano abalado pelos segredos que a pouco e pouco se vão revelando do que em artifícios narrativos e visuais. Caché vive de uma violência muda, de um tumulto à flôr da pele que ameaça revelar-se. É por isso um filme bastante seco e com uma carga brutal de realismo. Como na vida real não existem explicações fáceis nem desfechos previsíveis. Mas esta é também a sua maior fraqueza.
Com a sua austera mise en scène, Haneke é um cineasta que corre o risco de alienar o espectador, traçando, ao não envolver o mesmo com as suas personagens e com a ameaça a que estão sujeitos, uma linha muito ténue entre uma direcção cirúrgica e a indiferença.
Com a sua austera mise en scène, Haneke é um cineasta que corre o risco de alienar o espectador, traçando, ao não envolver o mesmo com as suas personagens e com a ameaça a que estão sujeitos, uma linha muito ténue entre uma direcção cirúrgica e a indiferença.
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